O que vejo por detrás do que vejo?
Tempo de ficar em casa. De olhar para ela e (re)conhecê-la. De assumir a responsabilidade por habitá-la: a casa que habito depende de mim. Tem luz? Está em ordem, limpa, abastecida? Tem harmonia? Tem quartos escuros, sujeira debaixo do tapete? Há mais excessos ou faltas? Mais vozes ou silêncios? De quem são as vozes? Alguma se impõe? Escuto-as, converso com elas ou finjo não existirem? De que gosto e de que posso me desfazer? Tempo de perguntas adiadas e respostas (im)possíveis. Tempo de atravessar cada amanhecer por falta de escolha. Uma sobrevivência. Um ganho: de um dia, de uma resiliência, de uma superação, de uma coragem.
Meus desafios?
Viver sem garantias.
A casa que habito depende de mim. Sei cuidar dela? Sim. Não. Mais ou menos. Tem dias que mais, tem dias que menos. Mais dias que menos. Como iluminar o porão, podar o jardim, romper os silêncios? O que fazer com a sujeira acumulada? E com o eterno retorno da louça por lavar? A fome. A preguiça e o cansaço. O medo. A paralisia.
Onde encontro respostas?
Na inquietude. Na teimosia. No dever. No querer. No vazio que encontro sem procurar. A casa que habito depende de mim. Um devir que se constrói no agora. Mutante. Estou acordada? Quem escolhe minhas escolhas? Quem fala pela minha voz? Quem age por minhas ações? Minhas respostas adormecem nas perguntas.
Elissa Khoury
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