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Quem define o teu lugar?

Foto do escritor: Elissa KhouryElissa Khoury


Em que momento da vida uma pessoa deixa de se sentir digna? Passa a acreditar que sua vida vale menos do que a das outras? Será possível identificar quando ou como alguém deixa de se reconhecer como igualmente humano em relação aos demais?

 

Por que algumas pessoas (eu me incluo entre elas), embora sejam tão normais quanto quaisquer outras, não se sentem merecedoras do que possuem ou conquistam? Quando isso começa? Em algum momento da infância, talvez dentro de casa mesmo, nas provocações escolares, no trabalho, em relacionamentos destrutivos... Não há regra, há ocorrências variadas com pontos similares.

 

Não sei dizer como viviam nossos ancestrais, mas sei que as histórias que viajaram de boca a ouvido ao longo das eras trazem o tema do proscrito desde há muito tempo. Um arquétipo, uma ideia, uma imagem que me habita como tantas outras.

 

Bia Machado me apresentou uma frase da etnia bambara que diz: “As pessoas da pessoa são múltiplas na pessoa”. Desde que a ouvi, incorporei-a como uma linda síntese de nosso mundo interior. Sim, dentro de mim habitam muitas pessoas. São diferentes aspectos de mim mesma que (re)conheço aos poucos, a quem nomeio e com os quais, paulatinamente, aprendo a lidar.

 

Esse aprendizado vem por diversos caminhos, todos atravessados por histórias, reais e fictícias. Hoje, para o tema do proscrito, trago o conto do patinho feio. Também poderia trazer uma narrativa mais moderna, como a animação “Kung-fu Panda 1” (2008). Se escolho o conto, é porque me remete à infância, aos tempos em que visitávamos as narrativas tradicionais como fontes de sabedoria em linguagem simbólica.

 

O patinho, que na verdade é um cisne, não fez nada que justificasse o tratamento que recebe. Ele apenas nasceu diferente de seus supostos irmãos e vai descobrir seu valor ao longo da narrativa. Talvez essa descoberta nos falte em certas situações, não? Quem me vê pato, quem me vê cisne? E eu, como me vejo?

 

O conto foi escrito por Hans Christian Andersen, ele mesmo oscilando entre a autoconfiança, a inferioridade e a vulnerabilidade emocional. Em seus textos autorais, foi capaz de articular o simples com o transcendente, como fazem as boas histórias que atravessam os tempos e têm muitas camadas de compreensão.

 

Investigar essas camadas da história e, com base nelas, refletir sobre possíveis paralelos com a biografia de cada um é a proposta de uma oficina que vou oferecer pelo GEP – Grupo de Estudos Psicopedagógicos no dia 21 de fevereiro. Um caminho delicado, leve e profundo. Quem define o teu ou o meu lugar?  

 

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