“Devemos compreender quando o certo é o certo. Devemos compreender quando o errado é o errado e devemos compreender, principalmente, quando o certo é o errado e quando o errado é o certo.” (Clarice Nieskier). (https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2019/08/11/interna_diversao_arte,776426/entrevista-com-a-atriz-clarice-niskier.shtml)
Quando alguém me recomenda um livro, anoto. Vai para a fila. Aguardará sua vez. Quando uma segunda pessoa me indica o mesmo título, entendo que chegou a hora de priorizá-lo. Passa na frente dos outros e chega às minhas mãos. Fura a fila sem culpa.
Foi o que aconteceu com “A alma imoral”, de Nilton Bonder. A obra é de 1998. Teve versões para teatro e documentário. A interpretação no palco foi de Clarice Niskier e ficou 14 anos em cartaz. O filme, de 2020, está disponível na internet (https://www.youtube.com/watch?v=209kUEgfOnY). Novos para mim.
Para além de discussões literárias, fico com a reflexão entre o certo e o bom e como essas duas coisas podem não caminhar juntas. Há momentos em que obedecer e respeitar é o certo. Há momentos em que desobedecer e transgredir é o bom que levará a humanidade a um novo certo, melhor do que o anterior. Evolução.
O que guardei de minha leitura, das entrevistas e do documentário aos quais assisti é que evoluímos pelo movimento e pela transgressão do certo, quando este estreita e deixa de fazer sentido.
Encontrei esse conteúdo, que chegou a mim quando tinha que chegar. Por causa dele, tive o impulso de criar uma história sobre a rigidez interior, revelada em atitudes simples. Imaginei uma personagem tão presa a suas crenças que não conseguia calçar um pé de meia diferente do outro, mesmo que para ficar sozinha em casa. Quantas vezes nosso pior algoz não está em nós mesmos? Quantas vezes essa voz interna repressora já não tem mais função? Sabemos distinguir o certo do bom?
Elissa Khoury
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