Não importa o caminho escolhido, a direção da beleza, da justiça e do bem é a mesma. Quem se preocupa com esse destino pode chegar a ele pelas religiões, pela filosofia, espiritualidade, geometria, matemática, música, poesia, literatura, arte, pela simples observação da natureza. Há muitos caminhos, porque somos plurais.
Nossa pluralidade é permeada por semelhanças e diferenças: aprendemos por contraste. Só entendemos a claridade do dia, porque a ele se segue a escuridão da noite; sabemos o que é a alegria, porque conhecemos a dor. Entre “eu” e “não eu”, “isto” e “não isto”, vamos conhecendo a nós mesmos e as coisas do mundo.
Gosto de aprender com histórias, preferencialmente, carregadas de simbologia. Nelas, as construções simples têm tantos significados que o desvelar de cada camada gera um encantamento. Quando esse desvelar é conduzido por pessoas que convivem com as histórias há tempos, o espanto é outro.
Guiada por Gislayne Matos, conheci “Adil e os leões”, conto iniciático da tradição sufi. Narrativa que leva a refletir sobre nosso estar no mundo.
Num lugar de há muito tempo, vivia um príncipe. Num dado momento da vida, ele tem de enfrentar um leão. Não há pressa para o embate, apenas a certeza do enfrentamento. Sentindo-se incapaz, o príncipe sai pelo mundo em busca de respostas para seu problema. Vai a terras distantes e, em cada uma, encontra novos leões e algumas respostas.
Em sua primeira camada, um relato que encanta e diverte. Na segunda, diferentes costumes e comportamentos que podem gerar harmonia ou crise. Na terceira, a trajetória de um herói em busca da conquista e realização de si mesmo. Deixo as demais e seus desdobramentos para quem quiser se aventurar nessa (auto)descoberta.
Partimos do que o conto trouxe de universal para como ecoou em cada individualidade. Pudemos refletir sobre desafios, medos e incertezas. Pelo caminhar do protagonista, construímos nossos próprios. A jornada forneceu encontros lindos: com a história, uns com os outros e cada um consigo.
A imagem do post foi criação de um colega do curso, Saulo Freitas. Minha gratidão a ele e a todos os que estiveram comigo no percurso. De mãos dadas, o caminho é mais gostoso.
Elissa Khoury
Elissa, muito linda a co-criação de texto e imagem que você fez aqui no Leões Diários. Muito bom ver 2 linguagens se juntando para nos auxiliar no imaginário.